terça-feira, 24 de novembro de 2009

Novo cordel: Territórios quilombolas da Capital, que se tornaram concretos para porcos ricos

Territórios quilombolas da Capital, que se tornaram concretos para porcos ricos.


Se você não vê, não sente
O que está acontecendo
na bela São Salvador
dos muitos prédios crescendo
no horizonte vertical
e o poder amolecendo

em concessões e coisa e tal
interesses do Barão
tem arvoredo e faculdades
com família mudarão
onde tinha os bichos
pra linda grande mansão.

Assim, produzindo lixos
pra sua nobre mordomia
e os arvoredos morrendo:
uma aranha ali existia,
espécie rara e mui bela
pra “Alfavili” moradia.

Acabou-se pobre aranha,
primeiro plano - dinheiro.
E pouco importa o resto!
O futuro dos herdeiros
as crianças de amanhã.
—Valei-vos como guerreiro!

Se pergunta, justifica-se:
—O crescimento econômico
é a mais valia, sim senhor,
pois vejam que lá é anatômico:
o crescer ta é na paralela,
o cimento é poder atômico.

Devasta concreto nela...!
sem falar, em aquecimento,
detona nossa cidade
saúde com sofrimento,
sistema respiratória
tortura sem argumento.

Canalhas, sem oratória!
tem no bolso vereador,
deputado e os empresários
tem seu sistema usurpador,
que corrompe o honesto
que destrói com esplendor.

Nos poucos que nos reserva
Não tem que acreditar?
Nem tão pouco uma plantinha
na paralela, restar.
Desgraçado do burguês
Quer roubar seu habitar.

Nem pra vim uma “disgraça!”
Ou desastre naturá,
mesmo como aranha foi,
ceifando-os à aniquilar!
Com doença tropical
pra consciência zerar!

Só que este cordelista
mora na federação:
se preocupa coa cidade,
se tocou desse ação
dos ladrões da natureza
quê não sabem ouvir não!

Da natureza desgastada
e pessoas entendidas
que sabem do mau revez,
estragando nossas vidas
num futuro muito próximo...
Péssimas vindas e idas.

Vejam nosso Pituaçú,
parque extraordinário,
com vastos quinze quilômetros,
ciclovia e canários,
rica biodiversidade...
Avalia imobiliário,

especulador, facínora
com lotes, vêem vantagem:
O lucro é exacerbado,
Querendo, assim, eles agem
na cautela do lobista:
povo fica sem passagem,

quando burguês vem e loteia,
fecham as ruas pra eles,
lá, na casa do caralho!
Nem sempre empregadas deles
e o pobre tem que dar volta
cum sol fervente daqueles.

Cordel serve de denúncia,
pois fique você sabendo
duma avenida “gran’nova”
que cortará, metendo
no Pituaçú estrada
com lixo submetendo.

Na ponta, está o “Alfavili;”
na outra está o Imbuí,
ligação mais que perfeita
como cachaça e cambuí
ou caviar e o salmão
pra burguês do Iguatemi:

pense na pobre desgraça
de se ter esta avenida
será principio do fim
natura submetida
aos motoristas imundos
que destruirão na ida.

Nossa Salvador é NEGRA
e pra sua informação
o Cabula e paralela
lá, naquela região
quilombos se organizaram,
Lutaram na contra mão

da maldita escravidão,
oprimindo tanta gente
grilhões e chicotadas
mas, negro tinha em mente
ser livre na nova terra
e com índio foi parente

de luta na paralela
dessa vida escravizada
até hoje permanece
nesta luta embolada
quilombolas, resistência!
continua caminhada

contra gente miserável:
na década de noventa
usavam de argumento.
— Ecologia que sustenta
nossa vida “bla-bla-blá!”
— E o NEGRO que se a arrebenta!

Expulso de sua terra
para ricos se apossar
e derrubaram terreiro
de candomblé, acolá
os seus prédios luxuosos
que não da nem pra avistar

pois estão escondidos
na mata que era quilombo
levantai-vos nosso povo!
Num vôo rasante de pombo
contra esta opressão
que nem chicote no lombo!

Agora me despeço
Livre pássaro voador
Batendo as minhas assas
Em direção do esplendor
Radiando poesia
Também com alegria
O que faço tem valor.


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