segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ao ler LEVEZA me veio Florbela Espanca, (troca de e-mail entre poetas Bernado Linhares)

Ao ler LEVEZA me veio Florbela Espanca,
De Joelho
    Florbela Espanca

"Bendita seja a Mãe que te gerou." 
Bendito o leite que te fez crescer.
Bendito o berço aonde te embalou
A tua ama, para te adormecer!

Bendita essa canção que acalentou
Da tua vida o doce alvorecer...
Bendita seja a Lua, que inundou
De luz, a Terra, só para te ver...

Benditos sejam todos que te amarem,
As que em volta de ti ajoelharem
Numa grande paixão fervente e louca!

E se mais que eu, um dia, te quiser
Alguém, bendita seja essa Mulher,
Bendito seja o beijo dessa boca! 



Em 6 de dezembro de 2010 01:25, Bernardo Linhares  escreveu:




Leveza



                                  Cândida Linhares


Os seres translúcidos falam
palavras que tombam como frutos maduros
alimentam e saciam!...
Os seres translúcidos pronunciam
a palavra sonora,
que inserida na harmonia universal
jamais se extinguirá,
porque os seres translúcidos,
quando falam, dizem!...

Os seres opacos falam
palavras que caem como pedras,
ferem, esmagam, dilaceram,
por que os seres opacos quando falam não dizem,
apenas vociferam!...

Na luz crepuscular, os seres translúcidos
contemplam as cicatrizes
e sentem que transformam em chagas...
Os seres translúcidos sabem
que na eternidade toda chaga é uma estrela,
por isso bendizem a vida!...

Nas sombras que baixam e a tudo confundem,
os seres opacos, cada vez mais densos,
cada vez mais pesados,
são estátuas de pedra em chão de poeira,
o vento sábio do crepúsculo
sopra-lhe o pó na face. 

Nos olhos cegos a toda transparência,            
nos ouvidos surdos as múltiplas vibrações,                 
na boca que profana a verdade,
 os seres opacos, soturnos e desolados,
são como a esfinge no deserto!
Enquanto na terra estas coisas acontecem,
nos céus uma nuvem passa
e as estrelas permanecem.

                                                   Na Dinâmica do Belo, pag 39 e 40 Editora Helvécia






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