domingo, 29 de março de 2009

Bom, como vai meus caros leitores, esta é a primeira postagem que e é com grande prazer que disponibilizo o cordel: Fatídico dia em que ACM encontrou os desaparecidos.
ACM se consolidou como político durante os anos de chumbo da Ditadura Militar. Foi por várias vezes eleito por indicação e a partir disso construiu um Império, utilizando uma rede de empresas de comunicações e uma política altamente Populista. Não cabe ao cordelista nenhum juízo de valor e julgamento. Este julgamento, o povo foi quem o fez, durante a eleição para Governador do estado.
ACM era velho e seu tipo de política não cabia mais num ambiente democrático.
Tenham uma boa leitura.

Fatídico dia em que ACM encontrou os desaparecidos.

Na Bahia não se nasce. A
Sim, estende a estrear, B
Pudica era a vil época C
Que coronéis tinham a tecar. B
Fino puro ouro pó D
Subversivos maltratar... B

Declama para o povo:
-Nosso futuro será
muitos viadutos e prédios
sem ter muito, Deus dará
terei empresas com renda.
Vejam como ‘depurá’!

E assim fez profecia
Do futuro ‘farturá’
O mesmo ‘Rockfeler’
Sem fazer rir, cacacá...
De alegria a puro peito
Rei da Bahia, ‘Obá’!


«∞§...Este cordel transgride
Realidade fatal
Afinal sou cordelista
Imfame, puro retal
Medo. Pôrra de nada!
No ‘búzu’ é mais real...§∞»

Vejam só caros leitores
No além aonde o povo
Se batia co agonia
E só pedia Socorro
A.C.M. ao lidar
Sucumbia obitoso

O limbo é onde fica
Os espíritos que morre
E rodando como sonsos.
Não precisa corre-corre
Cê fica lá uma cara,
E vive eterno porre.

E neste inferno de ‘Radis’
A.C.M teve com Zémario
Ex-militante juvenil.
Olhava como armário
Parado, vendo ‘senil’
O falido acionário.


Zémario infla os peitos:
-Eu tinha uma namorada
dezeseis anos como eu
em meio a baforada
o homem assim o disse
“A.C.M é á mirada!”...

...e acordo tô aqui?!
há anos eu te espero
farei teu jugamento
terá o fel desespero
não poderá fazer nada,
ignóbil ancião meiro!

Por capricho o malvado
vil e ladrão de judeus
O Ritler. Que o amparo,
Zemário com mãos em paus
Se foi. O velho agradeceu:
– “Sem tu, só se fosse deus!”

Ritler mostrou o lugar
A.C.M. apreciou
Perguntando como voltar
O anti-semita falou:
–“Tu já devia saber
nunca ninguém retornou.


...voltar? Sem mínima volta
agora é aguardar
e que a longa eternidade
logo «hufa...» terminará
quem sabe pra você
não será fácil retratar.

– Mas como? – disse ACM.
– É... basta pedir perdão.
Para todos, que em fim...
Eles... é... sucumbiram?!
“Morreram por sua causa!”
É... Tanto difícil, não?!

Mariguela o espreitava
Lançando seu olhar
Mais que tiro fatal
Ávido para desventar*
E com as trispas
Enrolar e enforcar.

Mas, Mariguela sabia
Que poderia encarnar*
E abrindo o bucho do velho.
Mais anos «xii...» amargar
Refletiu por um tempo
Como ondas no mar.


Cá na terra atmosférica
O João Carlos T. Gomes
Escritor de: ‘MEMÓRIAS DAS TREVAS’
Reunido entre homens
Comemorava o dia
Jogando poker vinténs.

Terreiros de candomblé
Em alguns lastimavam
O apoio mais que dado
Daquilo que mais amavam
“Liberdade religiosa”
Com flores soluçavam.

Tvs «dono da Bahia».
Um tanto sofisticada
Relatos e homenagens
Toda rede integrada.
Há um ser abominável
Agora jaz mortificada.

Os canalhas todos juntos
No velório estavam
Em cantos com burburinho
Papo de eleições tramavam
Envelopes no escurinho
Pra prefeito especulavam.


- Temos é que vazar, já!
-Disse o correligionário
-...bota a mula pra picá
os petistas vão caçar
e cair pro lado de cá ...

...por ai tem partidos novos
e cabem todos nós e mais
limpamos a nossa cara
«brindam»
direitos universais
a política anacrônica
com raízes bem fatais.

Na fila; cortejo fúnebre
Muitos interesses; eleito
Foram casas e empregos
Buscando maney pleito
De só sua vida melhorar
E ACM em pleno leito.

As lideranças de bairros
Levaram suas comitivas
Alguns totalmente eufóricos
Idéias bem primitivas
De retornar ditadura
Liberdades restritivas.


Na terra subterrânea
Lamarca e Chê Guevara
Armava uma cocó
De dali de com vara
Na cara de ACM
Dando-lhe uma saraivada.

Mas a sorte de ACM
Parecia infinita
Pois o sumido Bim Ladem
Ortodoxo «bum» sunita
Acalantou o ACM:
- ô meu velho fascista

... oi, eu posso te ajudar
em sua peleja difícil
tramarei um atentado
será como grande míssil
terão medo de ser tostado
o perdão vira mui fácil.

ACM não escutou
Do nada ele surtou
- Sou o leão da Bahia!
E assim deu-se que falou
No inferno subjugou-os
E a todos improperou.

Enfim, as atitudes de ACM seguem no purgatório como na terra...




FIM









Um comentário:

  1. muito bom, lembra um pouco o cordel de Miguezin da Princesa que também conta a história do ACM lá no outro mundo. kkkkkk
    Valeu!!!

    Miguel Nascimento - AL

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