No Brasil ainda há comunidades que pensam o mundo, que se expressam e transmitem conhecimentos seguindo a lógica própria da oralidade. Há histórias de índios, de pescadores, de avós, histórias de famílias e tantas outras. Nas regiões do norte e nordeste do Brasil e mesmo em São Paulo, podemos encontrar uma modalidade de expressão literária de tradição oral que acolhe muitos gêneros diferentes. É a literatura de cordel.
O cordel provém da antiga tradição ibérica dos romanceiros, contadores das histórias de Carlos Magno e outras populares. Nas páginas dos “folhetos”, dos “ABCs”, como também são conhecidos os livrinhos de cordel, encontramos antigas histórias que vieram migrando e sendo modificadas ao sabor do contador local, que tratava de imprimir os toques da sua cultura. Assim, os clássicos contos de fadas, as Fábulas de Esopo, contos de animais encantados, de assombração, bem como os “causos” e pelejas foram ganhando características muito peculiares na voz daquele que contava ou cantava as estrofes, acompanhado da viola. As narrativas que o cordel guarda, são sempre ditas de memória ou cantadas, quase sempre acompanhadas por uma viola. Essas histórias atravessam gerações cantadoras, até ganharem a forma gráfica, impressas em papel jornal, em tamanho pequeno, acompanhadas de gravuras feitas em geral pelo próprio autor do registro.
O autor e estudioso de cordel, Bráulio Tavares, na introdução de seu livro A Pedra do Meio-Dia ou Artur e Isadora, descreve com mais rigor as características desses folhetos. Ele diz:
“Um folheto de cordel é um livro pequeno (geralmente 16cm x 10 cm) e muito fino (a maioria tem 8, 16 ou 32 páginas). É impresso em papel barato, e nas capas aparecem xilogravuras (gravuras entalhadas em madeira), reproduções de cartões-postais antigos, ou fotos mostrando cenas de filmes.
Em geral, os folhetos são narrados em versos chamados ‘sextilhas’. A sextilha tem um esquema fixo de rimas; na transcrição de versos, costuma-se usar um sistema de notação onde cada letra equivale a uma linha da estrofe. A sextilha, portanto, usa o esquema que é chamado da ABCBDB. Portanto, a segunda, a quarta e a sexta linha rimam entre si, e as demais não. Alguns autores usam outra notação, e descrevem esse esquema de rimas como XAXAXA, onde o ‘X’ indica as linhas que tem rima livre, e o ‘A’ as linhas que rimam entre si.
Quando os violeiros repentistas estão “trocando sextilhas” durante uma cantoria, existe a obrigação de “pegar a deixa”, ou seja, a primeira linha do verso, em vez de ter rima livre, tem que rimar com a rima principal (linhas 2,4 e 6) do verso do oponente. Nos folhetos narrativos, isso não acontece. O escritor tem apenas a obrigação de rimar a linha 2, 4 e a 6.”
Ainda hoje há grupos que se preocupam com a divulgação do cordel e que o imprimem, reimprimem, editam-nos com uma nova roupagem, tudo para permitir um convívio harmonioso das duas linguagens, a oral e a escrita. Hoje em dia, tem cordel até na China!
O cordel provém da antiga tradição ibérica dos romanceiros, contadores das histórias de Carlos Magno e outras populares. Nas páginas dos “folhetos”, dos “ABCs”, como também são conhecidos os livrinhos de cordel, encontramos antigas histórias que vieram migrando e sendo modificadas ao sabor do contador local, que tratava de imprimir os toques da sua cultura. Assim, os clássicos contos de fadas, as Fábulas de Esopo, contos de animais encantados, de assombração, bem como os “causos” e pelejas foram ganhando características muito peculiares na voz daquele que contava ou cantava as estrofes, acompanhado da viola. As narrativas que o cordel guarda, são sempre ditas de memória ou cantadas, quase sempre acompanhadas por uma viola. Essas histórias atravessam gerações cantadoras, até ganharem a forma gráfica, impressas em papel jornal, em tamanho pequeno, acompanhadas de gravuras feitas em geral pelo próprio autor do registro.
O autor e estudioso de cordel, Bráulio Tavares, na introdução de seu livro A Pedra do Meio-Dia ou Artur e Isadora, descreve com mais rigor as características desses folhetos. Ele diz:
“Um folheto de cordel é um livro pequeno (geralmente 16cm x 10 cm) e muito fino (a maioria tem 8, 16 ou 32 páginas). É impresso em papel barato, e nas capas aparecem xilogravuras (gravuras entalhadas em madeira), reproduções de cartões-postais antigos, ou fotos mostrando cenas de filmes.
Em geral, os folhetos são narrados em versos chamados ‘sextilhas’. A sextilha tem um esquema fixo de rimas; na transcrição de versos, costuma-se usar um sistema de notação onde cada letra equivale a uma linha da estrofe. A sextilha, portanto, usa o esquema que é chamado da ABCBDB. Portanto, a segunda, a quarta e a sexta linha rimam entre si, e as demais não. Alguns autores usam outra notação, e descrevem esse esquema de rimas como XAXAXA, onde o ‘X’ indica as linhas que tem rima livre, e o ‘A’ as linhas que rimam entre si.
Quando os violeiros repentistas estão “trocando sextilhas” durante uma cantoria, existe a obrigação de “pegar a deixa”, ou seja, a primeira linha do verso, em vez de ter rima livre, tem que rimar com a rima principal (linhas 2,4 e 6) do verso do oponente. Nos folhetos narrativos, isso não acontece. O escritor tem apenas a obrigação de rimar a linha 2, 4 e a 6.”
Ainda hoje há grupos que se preocupam com a divulgação do cordel e que o imprimem, reimprimem, editam-nos com uma nova roupagem, tudo para permitir um convívio harmonioso das duas linguagens, a oral e a escrita. Hoje em dia, tem cordel até na China!
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